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sexta-feira, 9 de julho de 2010

Entrevista com Içami tiba


Fonte:peadsapiranga

Ele acredita que a defasagem do sistema educacional é um dos principais fatores da existência de maus governantes e pessoas inescrupulosas, assim como considera desastrosa a conseqüência da falta de educação na vida de um indivíduo. Confira, na entrevista a seguir, o que Içami Tiba tem a dizer sobre o papel da escola e da família na formação de verdadeiros cidadãos:



FOLHA DIRIGIDA - O senhor diz que as escolas estão defasadas. No que consiste essa defasagem e quais são seus motivos?

Içami Tiba - Eu acredito que a defasagem das escolas ocorre por conta do preparo que os professores não recebem. Eles acabam reproduzindo o que sabem e não têm condições de se atualizar, pois trabalham muito e ganham pouco. Eu não culpo os professores, mas sim o sistema de educação. Atribuo a responsabilidade pela defasagem a este sistema de educação que, ao menos na escola privada, busca a melhor relação custo-benefício, estando mesmo assim defasado, já que não prepara o aluno para ser seu sucessor, mas para ser seu herdeiro. E ser herdeiro significa viver de benesses, de vantagens, tirando proveito das situações. No caso da escola pública, os professores realmente não trabalham na condição de olhar seu aluno como futuro cidadão, mas como alguém que atrapalha suas aulas. Enquanto reinar no mundo educativo a idéia do dinheiro, de que o professor não faz nada porque ganha pouco, é isso que acontecerá com os alunos. Eu acho que quanto menos preparados estiverem os professores, menos os alunos serão preparados.



FOLHA DIRIGIDA - Podemos dizer, então, que as condições de trabalho e a má formação do professor são os principais fatores para a defasagem das escolas?

Içami Tiba - Sim, porque eu acredito que nenhuma empresa vai querer um funcionário que funcione como um aluno - que só trabalha na véspera de receber seu salário, que é o mesmo que o estudo na véspera da prova. Ou ainda que basta fazer a metade, já não adianta fazer tudo porque o salário é o mesmo: é a mesma coisa falar que o aluno precisa de nota cinco, então estuda nas páginas ímpares e pronto. O que forma o cidadão é o espírito de que aquilo que ele está fazendo não pode prejudicar os outros e não usar o poder em benefício próprio. Quando o aluno fala "eu estou pagando", ele está reduzindo a professora em uma relação econômica, dizendo que ele é mais rico do que ela. Então, ela tem que fazer o que ele fala. Ou seja, entra aí um preconceito econômico, que diz que o rico manda no pobre.



FOLHA DIRIGIDA - O senhor diz que "quem ama exige". Como essa máxima pode ser aplicada na escola?

Içami Tiba - Para aplicar essa máxima, nós temos que andar na contramão da educação. O sistema de aprovação continuada é o maior crime para a educação, pois não se está preocupado com o que o aluno aprendeu, mas sim em fazer com que ele consiga seu diploma. No Brasil, não existe falta de diploma, mas pessoas que têm um diploma e não sabem fazer um simples relatório, ou seja, são semi-analfabetos. São pessoas que sabem o processo mecânico da escrita, mas não conhecem o processo elaborativo da mesma. Acredito que as coisas deveriam mudar no sentido de ser dar condições aos professores, ao invés de tirar sua autoridade. As coisas são muito falsas: uma pessoa se diz mantenedora de uma escola, mas ao invés de colocar, tira o dinheiro da escola. E essa pessoa sempre dá ganho de causa para o pai de aluno que reclama, porque a perda de um aluno representa também uma perda econômica. Neste processo, o professor perde toda sua autoridade.



FOLHA DIRIGIDA - No que diz respeito aos castigos, em casa e na escola, eles ainda funcionam? Quais são as alternativas para o castigo?

Içami Tiba - Eles não funcionam pois são obsoletos. Por isso que eu sempre digo que os professores têm que ser mais bem preparados. O aluno tem que aprender com o erro, por isso que ele está em uma escola. Ele não está numa sociedade em que ele tem que ir preso.



FOLHA DIRIGIDA - E como o professor pode fazer isso em sala de aula?

Içami Tiba - O aluno deve ver quanto custa o dano que ele provocou. Por exemplo: se ele, com as mãos, picha alguma coisa, com as mãos ele tem que arrumar, ao invés de ser suspenso enquanto o funcionário da escola pinta. A suspensão é um castigo, uma medida comum contra todas as transgressões e nada tem a ver com ele aprender a não pichar. É importante que a escola defenda a posição da educação. Não é a escola que está sendo atingida em um caso como este, mas todo o país, por meio da má educação.



FOLHA DIRIGIDA - A criança e o adolescente aprendem com as atitudes dos pais e dos professores?

Içami Tiba - Sim e, aliás, muito facilmente. Se o professor está em sua função e o aluno o agride, ele não agrediu a pessoa do professor, mas sim o sistema educativo; ele agrediu o próprio país. O professor tem que olhar o aluno não como alguém que o agride, mas a possibilidade de fazer desse aluno um cidadão. Se ele se tornar um cidadão, o Brasil ganhou; se ele se tornar alguém à margem da cidadania, o Brasil perdeu. O professor não deve levar as questões para o âmbito pessoal, mas é o que eles fazem. Infelizmente esse é o seu preparo. Às vezes, o professor ainda fala: "não faz isso meu filho", como se o aluno fosse seu filho, o que está totalmente inadequado.



FOLHA DIRIGIDA - Como a família e a escola podem se aliar na educação das crianças e adolescentes?

Içami Tiba - Eu chamo esse processo de educação a seis mãos. A escola tem que ter coerência, o que significa que o próprio corpo de professores deve se unir para dar identidade à educação e à escola. E todos os professores têm que tomar medidas comuns para as mesmas transgressões. Não pode um perdoar, deixar colar e o outro ser absolutamente rígido, a ponto de repreender o aluno por qualquer motivo. Deve haver um acordo entre eles, pois a identidade deve ser da escola e não do professor.



FOLHA DIRIGIDA - Talvez o professor, muitas vezes, nem perceba suas atitudes como incorretas...

Içami Tiba - Ele não percebe. Os professores imaginam que estão formando cidadãos mandando alunos para fora da sala de aula, mas não estão. Estão fazendo com que eles desistam da escola. Aí entra outro aspecto da questão, que é o lado de valorizar o aprendizado e não a obediência do aluno. Hoje, o que nós queremos não é que o aluno seja obediente, mas que ele saiba se virar nas diversas situações.



FOLHA DIRIGIDA - Os pais estão passando funções que deveriam ser suas para o professor?

Içami Tiba - Sim. E não adianta os pais quererem colocar a responsabilidade da educação na mão da escola porque, em realidade, eles não colocam: na hora que o professor reclama de alguma coisa eles vão contra o que o ele fala, sem nem ouvir o que o aluno fez. Simplesmente ouvem o aluno e acreditam que o professor está errado e que seu filho é perseguido.



FOLHA DIRIGIDA - E os professores estão preparados para esta nova realidade em que os pais lhes transferem suas responsabilidades?

Içami Tiba - O que eu sempre falo é que filhos são para sempre e para a escola, aluno é transeunte. Não se pode pensar que as crianças são tratadas na escola como são em casa. Na escola, ele não poderá fazer o que quiser. Na escola, se ele não fez repetirá de ano. Trata-se de um preparo para a vida social.



FOLHA DIRIGIDA - Em seu livro "Ensinar Aprendendo", o senhor fala a respeito da da relação entre estudo e qualidade de vida. Qual é qualidade de vida de quem não teve a oportunidade de estudar?

Içami Tiba - É muito ruim, porque quem não estuda vai pagar com o corpo o que a cabeça não aprendeu. Essas pessoas ou se tornam extremamente especializadas em algo que sabem fazer mesmo sem ter ido à escola ou então vão trabalhar em atividades braçais. E quem faz o que os outros pedem sem opção de escolha não têm a mínima qualidade de vida.



Entrevista retirada do site:http://www.tiba.com.br/entrevistas/?n=018

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Quantas Elisas, Marias, ainda serão ceifadas?













Foto by AcordaBrasil

Até quando nossas mulheres terão suas vidas ceifadas por esses algozes que, certos da impunidade, continuam a agir de forma tão vil nessas tragédias anunciadas. No caso dessa moça, Elisa, e de tantas outras que perderam suas vidas, as autoridades, se quisessem se antecipar aos assassinos, certamente teriam evitado muitas mortes. A lei Maria da Penha, tão bem formulada e de nome tão sugestivo, homenageando uma grande mulher, não tem dado a proteção que se esperava ás nossas mulheres; uma vez que a lei sozinha não é eficaz, caso não haja meios que viabilizem o seu cumprimento, desde o momento em que se faz a denúncia até a intimação do agressor, fazendo com que haja um acompanhamento, um monitoramento caso a caso, algo que, de fato, intimide um potencial agressor, e o faça pensar mil vezes antes de encostar um dedo numa mulher. A máquina do estado precisa se fazer presente para que essa lei, de fato seja cumprida.

A vida, uma dádiva de Deus, tem sido banalizada neste mundo tenebroso. O ser humano tornou-se uma imprevisível maquina de matar, vidas destruídas, lares infernizados, e uma geração comprometida. As previsões são desanimadoras, restam ainda alguns resquícios de uma geração de pais que deixaram algum valor moral; e esta geração, dos nossos pais, está indo embora, aqueles filhos que herdaram alguma coisa de valor, poderão fazer a diferença. Mas, de numa geração tão plugada em efemeridades, e tão pouco atenta à família, aos valores que alicerçam de fato um bom caráter, pouco se pode esperar. É daqui para pior.

Pai, Mãe, nunca se descuide do seu filho, nem por um segundo sequer deixe de mirar nos olhos dele e chamar sua atenção para si; ensine os valores que farão com que ele jamais se afunde neste charco de violência e destruição que se apoderou da vida de muitos jovens. A falta de diálogo, do convívio familiar, do almoçar juntos, do afago, e do eu te amo₺, desencadeou esta onda que, literalmente tem quebrado a nossa sociedade.

By Elifasvox